*Preciso abrir um parênteses e contar como foi essa ida...
O ônibus coletivo estava demorando muito para passar, então o guia viu
um amigo dele parado, um taxista, e pediu para que nos levássemos até a entrada
desse povoado. Junto conosco estava uma garoto, que não deveria ter mais do que
8 anos que iria para escola na mesma região...
Fomos todos.... E estava tudo indo bem mas, depois de deixar o menino na
escola, o carro parou de funcionar... Na subida.... O motorista não sabia a
diferença entre deixar o carro engatado e no morto para que pudéssemos
empurrar.... Isso mesmo, pudéssemos, eu entrei na bagunça para empurrar o
carro.
Esse foi o começo da aventura, Ainda bem que o carro voltou a
funcionar!!!
Chegamos com muito sacrifício nas entrada do povoado e começamos a caminhar. O
trecho do povoado até o inicio da trilha foram de uma hora. Dalí teria ainda
mais 3 horas de caminhada em pura subida com trechos de escalada e tudo...Tenho que dizer que em alguns momentos pensei em desistir... Quanto mais eu andava mais faltava para chegar. Quando chegou o trecho da subida final, que fizemos beirando uma “cachoeira” com pedras lisas e muito úmidas descobri: detesto andar sobre as pedras e as pedras detestam que eu pise nelas...
Mas enfim cheguei à Laguna Churup ela é simplesmente LINDA, tons de azul e verde dão à ela um toque especial.. Uma pena que as nuvens estavam atrapalhando a visão do fundo, uma montanha que recebe o mesmo nome.
*Preciso abrir um outro parênteses e contar agora a minha burrice
No dia anterior fui para Wilcacocha, fez um sol que acabei queimando o
rosto de tal jeito que precisei entupir a cara de creme. Então, muito
inteligente, resolvi não levar a blusa de inverno.
O detalhe é que estávamos indo para a Cordilheira Blanca, e se vocês
lembram, Blanca = neve....
Pois é, passei um frio.... O guia foi muito gentil e me emprestou sua
blusa e no fim da trilha, bem próximos ao povoado, começou a chover...
Bom, a
descida é tão difícil quanto a subida, mas cheguei bem no final...
Mas chega se choramingos e vamos para uma
outra parte boa, que é ter um guia. Isso mesmo, todas as trilhas são possíveis de
se fazer sozinha e muita gente faz, mas além da minha segurança, já que sou uma
perdida, você tem a oportunidade de saber mais sobre a cultura da região, a
forma como se vive... que só vivendo lá ou passando muito tempo para saber...
A cidade de Huaraz te, como uma das bases de
sua economia a mineração (o ponto brilhante à direita na montanha é uma mina de ouro) e,
pelas palavras do guia, sem a mineração Huaraz seria pobre...A agricultura é de subsistência e a criação dos animais é mais uma coisa de gostar e estar acostumados a tê-los. De todos os “camponeses” apenas 20% deles destina sua produção para venda.
Sobre os animais, algo curioso que explica essa
relação, vi uma senhora caminhando até um portão e na sequencia as galinhas
enfileiradas atrás dela (a galinha e seus pintinhos) ... Parece bobo, mas nunca
havia cisto uma relação de dedicar-se tanto a terra e ao animais sem ter
ganancia: plantando e criando nada mais que o necessário.
E mais um detalhe é que o QUÉCHUA é a língua
falada nesses povoados e não o espanhol. Eles compreendem e até se comunicam
com você em espanhol, mas entre eles é só a Língua Mãe.
22.04.2014 - Huaraz
22.04.2014 - Huaraz